Diamantina Barreto Negrão nasce em Albufeira, a 07 de Novembro de 1915. Aos 5 anos escreve a sua primeira carta e desde então a escrita torna-se a primeira de três paixões.
A segunda paixão não tarda a surgir. Diamantina desaparece com frequência e a mãe, Delfina Barreto Negrão, acaba por encontrá-la a rezar nalguma igreja, com os pés ensanguentados. Diamantina amava Cristo.
A relação entre mãe e filha degrada-se, ao ponto de um dia Diamantina fugir para um convento da Ordem das Carmelitas Descalças no Estoril. Aí, abandona o seu nome e passa a chamar-se Irmã Maria do Carmo do Coração de Jesus.
Menos de uma década depois, Diamantina regressa ao Algarve, com o objectivo de fundar um Convento em Albufeira. Torna-se a Madre mais jovem da Europa quando inaugura o Convento da Orada em 1944. Tinha apenas 29 anos.
No recolhimento daquele convento perto do mar, Diamantina dedica-se à escrita e publica mais de uma dezena de livros, entre poesia, ensaio e biografias. Contudo, defronta-se com grandes dificuldades e o Convento da Orada acaba por ter uma existência demasiado curta. Um Decreto papal ordena a extinção do convento e a excomunhão de Diamantina e das restantes freiras, a 19 de Agosto de 1948.
Quais os motivos para este acto tão dramático? Para a História ficou uma simples linha:
“ por razões imprevistas”
A população ainda hoje fala de escândalos e imoralidade, mas Diamantina teria confidenciado a alguns amigos outras razões para a extinção do convento: túneis que ligavam o convento à praia, reuniões secretas entre homens e uma mulher russa que parecia uma princesa, enfim, o planeamento de um golpe de Estado.
Algures, entre estas duas versões, encontraremos a verdade?
Em 1951, depois de ter vagueado por Espanha e pisado arenas, Diamantina regressa a Albufeira. Decide fundar nas instalações do extinto convento um colégio para crianças pobres. Para isso, obteve a ajuda de uma tia materna, Maria da Conceição Bossy Barreto, conhecida por Madame. A sua devoção por esta tia levaria a que, mais tarde, Diamantina passasse a assinar as suas obras com o pseudónimo Bossy.
Enquanto decorre a actividade no Colégio, sendo o ensino ministrado pelas freiras excomungadas e pela Tia Conceição, Diamantina inscreve-se na Faculdade de Letras, em Lisboa. Continua a utilizar as vestes carmelitas, como se pode ver no cartão de estudante.

Quando o ensino público abre, Diamantina fecha o colégio e envereda pela carreira pedagógica. Dá aulas no Barreiro, em Beja, no Funchal e, finalmente, em Albufeira. Ao longo deste percurso, tira o curso de Belas Artes, casa-se e divorcia-se, é presa pela PIDE, pinta, escreve, acolhe cães e gatos, e descobre a sua terceira paixão: a escultura.
No final da vida, vive em solidão, numa casa que construiu junto à Igreja da Orada. Acaba por morrer no Hospital de Faro, a 14 de Janeiro de 1999.