A entrevista a Diamantina Negrão

Diamantina olhou com estranheza para a câmara e para o tripé. Parecia desconfiar da máquina, ou talvez não compreendesse bem as potencialidades daquela coisa feia e preta, tão diferente da substância macia de um gesso, da brancura da tela ou do papel. E, no entanto, eu estava a esculpi-la, a desenhá-la, a escrevê-la.



1 comentário:

lenita disse...

Fui colega de Diamantina no Berreiro. Era uma mulher inconformada,sempre sem dinheiro, com um coração maior do que o mundo. Tanto nos recebia de braços abertos, como não nos recebia, simplesmente. Fiz parte de um grupo de professores que convidava para o seu "convento" da Orada porque,nessa altura não ganhávamos nas férias. Visitei-a várias vezes em anos seguintes quando ia de férias para o Algarve.
Só confiava nos seus bichos porque talvez só eles a amassem e aceitassem sem reservas nem tabus. Não sabia dela há anos. Tenho alguns objectos que me ofereceu e guardo ciosamente.Acredito que Deus a recebeu com justiça porque muito amou e muito sofreu.Ficou a saudade e a alegria de saber que o seu nome não foi esquecido na sua terra que tantas vezes a maltratou.