Manuel Ataíde



Corre o ano de 1998. Diamantina ainda está viva. Ouço dizer que um senhor meu conhecido sabe histórias do passado, histórias que Diamantina não aflorou na entrevista, e procuro-o.

Manuel Ataíde tem vários caderninhos onde as histórias de Albufeira se entrelaçam com as suas considerações sobre os acontecimentos. Um dos cadernos é dedicado à Igreja da Nossa Senhora da Orada e ao Convento das Carmelitas Descalças.

Amigo e confidente de Diamantina Negrão, Manuel Ataíde hesitou antes de começar a relatar “os escândalos”. O Menino Jesus em cima da cabana do cão é apenas um entre muitos episódios que ficaram para a posteridade.

Segundo Manuel Ataíde, as alterações que as carmelitas efectuaram na Capela desagradaram a população. Uma vez, a Nossa Senhora da Orada estava de costas voltadas para o povo. Outra vez, estava mascarada... Também era comum os paramentos desaparecerem. E a Madre não dava justificações...

Durante a entrevista, o telefone tocou, e Manuel Ataíde disse de imediato: "É ela". De facto, raro era o dia em que Diamantina, no final da sua vida, não procurava consolo naquele amigo que, apesar de lhe reconhecer certas iniquidades, lhe prestava atenções e cuidados.

No final da entrevista, prometi a Manuel Ataíde que nada seria revelado enquanto Diamantina fosse viva.

Pouco tempo depois, Diamantina viria a falecer.

1 comentário:

Peter disse...

A dona Henriqueta, a quem refere o Sr. Ataide, (”no terreno da Henriqueta”) cuidava da Nossa Senhora da Orada e viveu perto da igreja. Ela era uma senhora pequenina, mas de caráter e constituição muito forte assim como gentil. Era também a mãe (“Mãezinha”) da minha antiga amante e esposa, Maria Josefa, que veio comigo aos Estados Unidos já faz umas 40 anos e vive agora em California.